EVA
Maria João Brito de Sousa
23.10.08
Quando jurei viver pelo teu nome,
deslumbrado, julguei que renascia
na infância do mundo, um certo dia,
antes do mal, das lágrimas,da fome.
E fiz de ti, amada que não amas,
com pecados mortais, o Paraízo!
Escravo do teu Dia-de-Juízo
como um farrapo que se atira às chamas!
Por ti andei na sombra da loucura
- sombra de amor, de raiva, de ciúme -
meu demónio, meu deus, minha tortura!
Se ao menos fôsses minha!... - Nos meus braços,
feroz, - tão longe! - a tua voz de lume
é só duns céus exóticos e baços!...
In - "Caminhos" - Composto e impresso na tipografia da "Seara Nova"
Lisboa, 1933
Capa de Diogo de Macedo