CAMINHOS
Maria João Brito de Sousa
01.02.09
Caminhos desertos
da noite calada,
caminhos incertos
da minha morada.
Caminhos sòzinhos
das minhas quimeras,
com aves e ninhos
e rastros de feras!
Caminhos sem norte,
caminhos de encanto,
com cruzs de morte
e passos de santo!
Caminhos de um nome
que um anjo perdeu!
Areias da fome!
Oásis do Céu!
Caminhos perdidos
na serra e no val`
com frutos caídos
do Bem e do Mal!
Caminhos regados
com prantos de dor;
caminhos juncados
de beijos de amor...
Estradas sem leito,
profundas barrancas
e curvas a jeito
de seios e ancas!
Caminhos cruzados
- Imensos rosários -,
caminhos gelados
de estranhos calvários!
Caminhos abertos
a golpes, com ferros;
caminhos cobertos
de crimes e erros!
Caminhos perdidos
sem rumo e sem fim...
- Que cinco sentidos
me deram a mim!
In Caminhos, Lisboa, 1933
Imagem retirada da internet