APELAÇÃO
Maria João Brito de Sousa
11.02.08
VIVER! Viver! Mesmo viúvo de luar,
mesmo sem essa estrela que me deu
a ansiedade e a alegria de cantar!
Mesmo entre mãos de ferro, Deus só meu!
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Curva-te: eu não me posso levantar
à promessa dos longes do teu Céu!
(Da branda bruma do meu sonho ao mar
fez-se o peso e o negrume deste véu.)
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É uma sombra, na sombra em que ajoelho,
rasa, a minh`alma, o lume dos meus ossos.
(-Quem fala em voar com músculos de velho?)
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Mas viver! Mesmo às pragas do Destino;
mesmo só de fantasmas e destroços
desse instante em que fui moço-e-menino.
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In - Terra ao Mar - 1954
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