
Esta vaga magia de ser triste
é o azeite que ponho na candeia,
o fermento do pão da minha ceia,
meu sorriso que dói mas não desiste.
Tantos me julgam fáci na alegria
e eu, de mim, sou a noite de um segredo!
O meu amor é a tremer de medo
desse Amor que, decerto, me sabia.
Amo a graça longínqua das estrelas,
o fluido fantasmático da bruma
e o longo adeus marítimo das velas.
Onda que ao largo se perdeu da praia,
vou-me disperso em lágrimas, espuma,
e talvez neste enrêdo vos distraia...
In - "Linha de Terra", Editorial Inquérito, 1951
Desenho de Manuel Ribeiro de Pavia
NOTA - Este é o meu preferido, de todos os sonetos de
António de Sousa e também o que melhor o de-
fine, na minha opinião.
Também gostei deste soneto, dos que já li este parece-me o que se parece mais com a sua escrita, a maneira como descreve o dia a dia com os problemas e com algumas alegrias também
Boa Noite agora vou deitar-me que já são horas

Hoje ando um bocadinho desencontrada! "Apanho-a" sempre fora de horas... já deve estar deitada, mas digo-lhe que adoro este soneto! Pode ser que nem todos o vejam assim, mas eu cresci junto dele e vejo nele António de Sousa, por inteiro. Não há aqui truques ou fingimentos. É ele, tal qual o conheci.
Um grande abraço e obrigada pela visita.
De
Peter a 14 de Novembro de 2008 às 01:21
sem dúvida poetisa, é um belissimo soneto.
com um grande ciao e muita inspiração, coisa que não falta, eu bem vejo. Baci.
E nós, Peter, andamos encontradíssimos! Publicámos comentários em simultâneo e tudo!
Obrigada pela visita. Este sempre foi o meu poema favorito, em toda a obra do meu avô.
Baci.
De
Peter a 14 de Novembro de 2008 às 23:07
Voltei para reler este poema que vale a pena revisitar de vez em quando como quem vai a um templo para refletir e meditar...belo, sensa dúbio !!!! Baci poetisa, grande poetisa...
Peter, este poema é do meu avô. Ele é que é o grande poeta, eu sou só uma principiantezinha ao pé dele! Claro que criatividade não me falta, mas falta-me ainda passar o crivo dos 100 anos... e ele já o passou. Este é o blog que dedico à obra dele, embora já lá tenha ido parar um poema meu, por lapso. Se calhar deveria tê-lo retirado, mas eu sou daquelas essoas que gostam de aprender com os erros e recordar que erraram... feitios...
Baci.
Namastê (curvo-me perante ti), onde quer que estejas! António
Namastê, António!
De
Fisga a 16 de Novembro de 2008 às 19:19
Olá Amiga João. Este é o meu preferido, dizes tu. Olha amiga eu não tenho e nem nunca terei preferidos, porque estou sempre a conhecer mais um poema novo, mas a verdade é que de facto é um poema muito belo e com uma mensagem muito forte, uma discrição muito bem delineada e de uma clareza muito grande adorei e adicionei. Parabéns. Um abraço de boa noite. P. S. estou muito atrasado nos comentários, mas eu parece que de há uns dias a esta parte em vez de melhorar, estou a piorar, cada vez demoro mais tempo para fazer a mesma coisa. Abraço. Eduardo.
Não desanimes Eduardo. São fases. Eu também as tenho... volta e meia ando uns dias a "andar para trás", parece que não consigo fazer nada de jeito... mas depois passa. Vem uma fase mais produtiva, em que nos sentimos menos cansados e voltamos a ser meninos.
Abraço grande.
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