LUAS
Maria João Brito de Sousa
24.01.09
Lá fora o luar é um vendaval de luz,
como este amor desvairado
que nasceu numa hora de pecado
e há-de morrer numa cruz!
Lá fora o luar é um dilúvio de alvura:
o teu corpo arripiado
quando o tenho nos braços enleado
e os teus olhos são lagos de ternura!
Hoje fiz-te chorar. Eas tão linda assim!...
(Lá fora o luar pela noite sem fim
é um duende a correr por montes e quebradas!)
São luas, sabes, meu amor? Desejos
de te ferir para beber, aos beijos,
as tuas doces lágrimas salgadas!...
In "Caminhos", Lisboa, 1933
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