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antoniodesousa

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Amigos! Eis aqui o dos olhos de mel! O Poeta!

.MJoão Sousa

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SONATA III


Maria João Brito de Sousa

16.10.09

 

 

                  3

 

Amor!

Em ti me colho de surpresa

e sou a flor, em silêncio interdita,

ante os olhos de Deus onde Ele é amor.

Mal sonhados ideais que em mim dormitam,

acordam irmanados com o mundo

e eu desfolho-me e entrego-me, feliz,

ao sonho que me quer e me perdoa.

Amor!

Em ti me colho de surpresa,

saio de mim - asas minhas de pedra

 e de nocturnas penas me solevam

transformadas em rémiges de fogo!

Saio de mim. Asas minhas me levam

sobre os meus idos passos

à fonte da manhã originária

- lá onde as águas, como o sangue, estuam

a força de viver.

 

Aleluia! Aleluia! Ó sol pagão!

Ó sol cristão ressurgido dos mortos!

Ó sol-pai a fecundar a Terra!

Ó sol-mãe de si mesmo gerando!

Alegria de ser!

Alegria de estar!

Alegria da morte

para mais luz depois!

Depois! Depois! Depois!

 

 

In "Linha de Terra", Lisboa, 1951

 

Imagem retirada da internet

 

SONATA II


Maria João Brito de Sousa

15.10.09

 

          2

 

Mesmo quando a manhã canta em hosanas,

uma dúbia ternura me desdobra

num pálio de poentes sobre a vida

dos que lutam e sangram sua fé.

Tudo o que posso dar sabe a tristeza,

a um adeus que é renúncia e desespero.

Se me rio é de mim, à minha sombra

sumida como um hálito lunar.

As lágrimas são caras na velhice

e eu já nasci velho.

Eu nasci velho como um deus cumprido

que quisesse ser homem

sem saber

que nem um deus é homem quando quer!

(Deus cumprido e frustrado - oh cósmica pilhéria! -

é de mim que me rio à minha sombra,

é por mim que canto a minha voz,

é a mim que me fujo mnos terreiros

ou nos becos da Vida!)

 

Um fantasma de sonho, riso e pó,

mas cortado de dores como um parto de astros,

eis-me tal qual me vejo

neste espelho que fala como gente:

um mistério e uma história-de-café!

 

 

in "Linha de Terra", Lisboa, 1951

 

SONATA


Maria João Brito de Sousa

14.10.09

  

 

                              1                              

 

 

Ando a espalhar, ao vento vário, uns sonhos

tão pobres e cansados

que só os pobres pobres como eu

- até de mim o sou ... -

lhes falam n`alma.

Uns sonhos mortos-vivos

onde a lua ainda é madre de poesia

e o mar e o céu jogam ondas e estrelas,

no regaço da noite, às escondidas.

 

Pesado de remorsos

dumas horas bravias e carnais,

pigarreando entre esboços de rezas

aguados versos,

ando a espalhar, ao vento vário, uns sonhos.

Semeador mal-parado neste mundo,

tudo me diz que é outra a minha leiva.

Mas o caminho certo, quem o sabe,

aonde nem os santos o calcaram

livres de enganos e visões de medo?

 

 

In "Linha de Terra", Lisboa, 1951

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