PIZICATO
Maria João Brito de Sousa
22.12.08
Se me dou balanço,
danço
um baile cossaco
e saco
mêdo
às dobras do meu segrêdo.
No meu caminho redondo
sondo
uns abismos de tormentas
bentas.
Faço
do meu delíro um compasso.
Desfraldo na bujarrona
lona
dum cenário a sete-luas.
Nuas,
pedem-me bruma as cidades
a que me vou em saudades.
Pelas casas do meu fato
ato
lembranças do sete-estrêlo.
Sêlo
usado
colo-me a um céu desbotado.
Vou e venho,
lenho
no jôgo do mar azul.
Sul
ou norte,
Só certo aos rumos da morte.
Suo e turvo,
curvo
os meus dias paralelos.
Belos
os versos,
para além dos meus reversos!
Talvez me chamem
e amem
o meu sabor vagabundo
mundo
e céu que me constroem.
Mas doem...
In "O Náufrago Perfeito", Coimbra, 1944
Imagem retirada da internet