CANÇÃO DE OUTONO
Maria João Brito de Sousa
13.02.08
Lá por detás da janela,
aquela
a que tento subir há trint`anos,
rasa, a planície ecoa desenganos;
alto cintila a espasmos uma estrela.
.
E o forte castelo,
tão alto e tão belo,
da senhora-do-amor que é minha dona
é afinal de ripas e de lona
e o vento desfê-lo!
.
- Que importa que eu chame
e que ame ou não ame
o sonho dos sonhos que há tanto passou?
- Quem sabe o que eu quero,
quem sabe o que eu sou:
se santo, se infame?
.
-Quem compra, na praça
na praça do tempo que passa,
o sonho dos sonhos sem nome e sem fim?
-Quem quer uma rosa, quem quer um jasmim
dos reinos da graça?
.
E ofereço, de rojo...
(se fosse um despojo
de guerras e mortes!...Se fosse um tesoiro
de sedas e jóias e de dobrões de oiro!...
-Mas alma!?- Que nojo!)
.
Lá por detrás da janela,
voga, silente e frágil, uma estrela...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
In - O NÁUFRAGO PERFEITO
Ed - Atlântida - Coimbra - 1944