HORA DOENTE
Maria João Brito de Sousa
06.02.09
Maldita a hora que me enruga a face
e estes olhos batidos pela luz,
esta mão despregada de uma cruz,
pedindo esmola à espera que alguém passe!
Nem saudade de amor que me queimasse,
nem o perdão mais doce de Jesus!
- Nenhum sonho da terra me seduz
nem a alma no Céu se lá ficasse...
Músculos de aço e de aço o olhar leal!
Fremente a bôca, um riso claro e moço
e a alma em jôgo para o Bem e o Mal...
Assim eu fui! - Amargos desenganos!
- Ah deixem-me chorar emquanto posso,
um deus morto: o meu corpo dos vinte anos!
In "Caminhos", 1933
Imagem retirada da internet