RENÚNCIA
Maria João Brito de Sousa
08.02.09
Braços abertos, - vêde que sou eu! -
caminho para Lá, pelo meu pé.
Se é para o Céu que rola esta maré,
darei saudades vossas lá no Céu...
Enche-me a bôca - os beijos vão passados -
o gôsto amargo e forte da renúncia.
Perdôo o bem e o mal e essa denúncia
que o meu deus fez a Deus, dos meus pecados!
Tudo perdido e morto. A voz dum sino
sôbre a terra em que fui um rei-menino,
chama em vão a minh`alma que resiste.
Só tu me lembras, sempre misteriosa,
tua bôca divina e venenosa
a sorrir num sorriso frio e triste.
In "Caminhos", 1933