MAIO
Maria João Brito de Sousa
24.02.09
Cantam-me, ao sol de maio, os olhos tristes:
rouxinóis que se fazem cotovias!
A primavera dá-nos os bons dias,
e, então, meu Deus! eu sinto bem que existes!
Amigos meus, agora é tudo claro:
somos todos irmãos, abrem-se as rosas...
no espasmo das manhãs voluptosas
a luz espuma como um vinho raro.
Rolinha brava, a quem estás chamando?
Na doçura do ar, teu chôro brando
que saudosa tristeza não derrama!
-Vòzinha humilde como um beijo a mêdo,
como podes saber o meu segrêdo?
Porque me vens lembrar quem me não ama?
In "Caminhos", 1933
Imagem retirada da internet