EXÍLIO
Maria João Brito de Sousa
18.02.08
Cobriu-me de desprezo o dia pardo,
a flor azul do riso das donzelas,
o lento rio de águas amarelas
e o frio, que me pesava como um fardo.
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Meu sonho - voo tonto de moscardo
a tentear vidraças de janelas -
zoava de horas húmidas e belas,
morria seco e duro como um cardo.
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Sempre de mim a mim, nos meus caminhos,
pedindo em vão a esmola de vizinhos
e lume certo a um lar que não tem brasas.
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Menino triste, que já é demais,
sou de filhos, irmãos, mulher e pais
para esconder do Céu uns cotos de asas...
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In - Livro de Bordo - 1ª edição, 1950
Editorial Inquérito
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