AUTO-DE-FÉ
Maria João Brito de Sousa
22.02.08
Era a vaga dos sentidos
correndo as margens do Espaço
e a caber no meu abraço
sobre os teus ombros vencidos!
.
Era outra vez o Jardim
- céu macio de luar -
antes de a Cobra falar
com princípio, meio e fim.
-
Era um morrer de veludo
pelo voo dos teus dedos
ao meu corpo sem segredos;
a hóstia da tua boca
e a fome na minha, rouca...
.
Veio a alma... queimou tudo!
.
In - JANGADA , 1ª edição
Coimbra Editora - 1946