TORRE DA MÁ HORA
Maria João Brito de Sousa
25.02.08
Não, meu menino! não é aqui!
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Tu vens ao jogo da vida
com essa avidez perfeita
como um bambino a mamar:
- que denúncia os teus olhos de poeta!
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Não, meu menino! não é aqui!
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Esta lareira já nem lembra o fogo.
Berços? - Só o vai-vem das artérias
contando os passos da morte
como o caruncho que rói.
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Esta Bela Adormecida
é alma sem salvação
e os principes partiram
quando o luar secou.
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Beijos? - Só esta fome sem remédio
como o pecado da gula.
(O amor não é ser amado:
é amar!)
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Não, meu menino! não é aqui!
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Aqui só o acre das lágrimas
na face arada de rugas:
as lágrimas ferozes e gratuitas
sem um perdão ou uma esperança.
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In - SETE LUAS - 1ª edição
Edição de Autor, impressa em Abril de 1943
pela Tipografia Atlântida, Coimbra