NOTURNO
Maria João Brito de Sousa
20.04.08
Chegou a noite.
A tristeza,
essa já tinha chegado
com sua oculta certeza,
os seus dentes apertados
e aquelas mãos frias, frias,
que fazem rugas na face.
.
Falámos muito de ti:
daquela esperança cansada
com que nos demos os braços,
e que eu, depois que te vi,
soube que vinha exilada,
de uns vagos, baços espaços,
a quem melhor perdoasse...
.
Ser um sonho, uma promessa,
é muito mais do que a vida!
Se, depois de teres partido,
não pensavas em voltar...
- meu amor, porque deixaste
os teus castelos no ar?
.
In - O Náufrago Perfeito, Editora Atlântida, Coimbra 1944