DUALIDADE
Maria João Brito de Sousa
16.02.17
O vento - esse frade rouco -
foi quem disse: - Vem daí
e terás, só para ti,
o forro do meu bioco!
E eu fui o vento, por pouco!
Cobri-me de asas, parti
para um céu onde vivi
horas de santo e de louco.
(Oh, meu extâse de imagens!
Naufrágios de alma! Destroços!
Abismos! Vagas miragens!)
Voltei num corpo de chama,
mas as palavras são ossos;
Poeta, é este o meu drama!
António de Sousa
In "LIVRO DE BORDO" , 1ª Edição, Editorial Inquérito