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antoniodesousa

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Amigos! Eis aqui o dos olhos de mel! O Poeta!

.MJoão Sousa

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DO NOSSO AMOR


Maria João Brito de Sousa

09.03.09

 

 

 

Amor! Que doce é a vida de quem ama!

- De perto são os beijos e os abraços;

De longe a saudade, que é uma chama,

Como de estrêla que nos guia os passos.

 

Que bem me sabe a graça do teu nome!

(Como cantiga de água pelo Agosto)

-Faz-me alegria a dôr que me consome

E é manhanzinha á hora do sol-posto!

 

Humilde, o meu orgulho é ter amado

Nos teus olhos mortais a luz dos céus

- Nem sei se tanto amor será pecado!...

 

Pecado!? - E á minha prece comovida,

Ouvir dizer, baixinho, a voz de Deus:

- Para quem ama assim, bemdita a vida.

 

Coimbra, Natal de 1925

 

 

Poema, com a grafia original, retirado de um folheto da Tuna Académica da Universidade de Coimbra, impresso na tipografia União em 1927.

A DERRADEIRA MORTE DO ENCANTADO


Maria João Brito de Sousa

11.09.08

 

O senhor-dos-óculos-pretos disse: Morreu!

Mas aquela rapariga meia-maluca

fêz-lhe uma coroa de flores

e beijou-o devagar.

Ele estava deitado, voltado para o céu,

vivo ou morto - a sonhar.

 

Passou um dia enorme.

O senhor-dos-óculos-pretos disse: Cheira mal!

(as abelhas bem sabiam que não

e diziam baixinho: -Dorme...

poisadas sôbre o seu coração.)

 

O senhor-dos-óculos-pretos disse: À cova!

Mas nem os coveiros ouviram.

A chuva mansa lavou-lhe o rosto

e colou-se-lhe ao corpo a lua-nova,

depois da benção so sol-pôsto.

 

(Do senhor-dos-óculos-pretos ninguém sabe.

Mas Êle, para sempre, ali ficou,

a dormir e a sonhar, com o mesmo sorriso.

- Há tanta coisa que não cabe

senão no Dia do Juízo!...)

 

In - "O Náufrago Perfeito" , Tipografia Atlântida

       Coimbra, 1944

 

Imagem - Fotografia gentilmente cedida por "Fisga"

               http://planeta-sol.blogs.sapo.pt/

 

VERSOS DE UM DIA DOENTE


Maria João Brito de Sousa

06.09.08

E sou eu afinal êste farrapo?

Que é dos meus olhos de menino-e-moço?

É isto só o coração, que eu ouço,

Aos pulos, no meu peito, como um sapo!?

 

Oh voz fadada pra falar de Deus,

Deixaste-me na bôca cinza apenas!

São estas mãos aquelas mãos pequenas

Que minha mãe erguia para os céus?

 

Já não sou, meu amor, o que tu amas.

- Esse a quem deste as tuas mãos leais

- Há que tempos morreu! - não volta mais:

Veiu o Diabo e atirou-o às chamas!

 

Hoje sou, na verdade, êste senhor

De falas mansas, a viver baixinho...

Roubaram-me de noite, no caminho,

A alma que me deu Nosso-Senhor!

 

In- PRESENÇA - Nº3

     Fôlha de Arte e Crítica

     Coimbra, 8 de Abril de 1927    

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